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Tuesday, October 30, 2012

Sexo And Gravidez

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Mudanças no Corpo da Mulher Gravida

Podemos não perceber, mas a gravidez é cercada de mistério, rituais e crenças, mesmo em nossa sociedade industrializada. Os rituais relacionados com a maternidade, praticados pelos nativos das ilhas Trobriand no passado, por exemplo, revelam não só a importância desse fato para a comunidade, mas também uma evidente preocupação com os aspectos corporais envolvidos na gravidez.

A surpreendente riqueza de elementos simbólicos e mágicos desses rituais tinham como uma de suas finalidades tornar a mulher invulnerável à feitiçaria que, segundo se acreditava na região, sempre acompanhava o parto. No contexto social, entretanto, o complicado cerimonial público enfatizava a importância da maternidade para a família e para toda a comunidade.

Em um desses rituais, oito mulheres ajoelhavam-se solenemente diante da esteira onde se encontram as vestimentas rituais da futura mãe. As saias e os mantos, confeccionados com folhas de bananeira, eram recobertos previamente com pedaços de folhas claras de uma planta que produz lírios brancos como a neve. Inclinadas, elas mantinham-se nessa posição enquanto recitavam uma fórmula de encantamento.

O objetivo era fazer com que sua respiração "levasse" as palavras mágicas ao interior das vestimentas. A fórmula de encantamento exprimia o desejo de melhorar o aspecto corporal da mulher que engravidou. Para as nativas dessa tribo, a brancura da pele era associada a um ganho estético. Sendo que as etapas seguintes do ritual tinham a finalidade de tornar a pele da gestante limpa, branca e suave.

Há uma ou duas gerações, em algumas cidades do Brasil, por exemplo, a gestante era mantida em uma espécie de reclusão durante todo período da gravidez, a fim de não exibir seu corpo “deformado”. A partir do quarto mês, passava a usar vestidos amplos e longos, que impediam a visão do ventre saliente. Exibir o corpo grávido numa praia era considerado uma inconcebível falta de vergonha.

Com a evolução dos costumes sociais, essa atitude foi bastante atenuada. Gestantes freqüentam praias e piscinas com toda a naturalidade, usam calças compridas e dançam, sem se incomodar com possíveis olhares de reprovação. No entanto, ainda hoje observam-se algumas atitudes de distanciamento da mulher em relação ao próprio corpo.

Uma evidência da atitude negativa em relação ao corpo é o sentimento de inferiorização estética que muitas gestantes, e alguns maridos, demonstram ao perceberem as modificações físicas impostas pela gravidez. A mulher considera seu corpo deformado, sem atrativos que possam torná-la desejável aos olhos do marido.

Esse modo de pensar se relaciona com o temor de que as alterações corporais não regridam após o parto, determinando uma perda estética definitiva. Além disso, a mulher se preocupa com supostas mudanças irreversíveis em seus órgãos genitais. Sem entender bem como a pequena abertura vaginal poderá dar passagem a um bebê de mais de 3 quilos, ela pensa que a gravidez lhe deformará o corpo de modo irremediável.

Esse temor, além de seu aspecto objetivo mais superficial, pode ter um significado simbólico mais profundo. Ou seja, existe sempre o medo da mulher ficar modificada como pessoa pela experiência da maternidade, de não mais recuperar sua identidade antiga e transformar-se em outra pessoa, com mais perdas do que ganhos.